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Contos Cyberpunks, Fantásticos, Comédias, Pós-tudo, sobre cannabis, under cannabis

Um grande expoente da música cannábica, O inventor da escala tricomática, Jah Ksom Blues Berry, foi meu avó, na época em que os músicos cannábicos tocavam ao vivo, não esta porcaria de neuro-holografia que impregna as sinapses do campo visual, o campo mais caro para acesso cerebral, eu particularmente bloqueio meu campo neuro-olfativo para qualquer tipo de cheiro transmitido em imersão neurônica total, tentei instalar alguns filtros, mais atachacado numa linda paisagem descarregamos também o cocô de cachorro que se infiltra por baixo do sapato, o problema do virtual é que ele ficou muito real, este hiperrealismo é só uma fase, faz uns 200 anos que a humanidade viveu a fase surrealista na Imersão Total Mente Loka, nesta época meu avó criou a escala tricomática, uma escala que usa várias portas de entrada do campo auditivo provocando sinestesia quando afeta os campos visuais produzindo ligeiras tonalidades na percepção da realidade conjuntural, a realidade interior + a realidade...

Ah, ah, ah.

Desculpem o longo comentário depois da pré-historieta, mas é tudo historinha mesmo, a imaginação do solto...

Imagino que daqui a uns quarenta anos quando eventualmente lerem estes contos cannábicos não acreditem que a perseguição, criminalização e discriminação, imposta mundialmente, aos maconheiros e usuários de drogas ilicitadas, tenha sido real, que alguém tenha tido sua vida destruída pelo Estado Proibicionista Mundializado, um complô bélico que se articulou no início do século XX contra os usuários de drogas das minorias sociais, pois as drogas pesadas das industrias farmacêuticas não são perseguidas, nem seus usuários são presos. Muitas vezes vão pensar, “é muito exagero cyberpunk/cyberpink”, não é possível que metade da lotação (no Brasil é melhor dizer superlotação) das penitenciárias estejam cheias de “crimes ligados a maconha”, e 49% seja de usuários de maconha, (http://www.psicotropicus.org/home/detalhe.asp?iData=247&iCat=253&isub=1&nsecao=Notícias) quase um milhão de pessoas presas por ano somente nos EUA, tem até contador na internet...

No mês passado, em outubro de 2006, o Brasil avançou na defesa da cidadania e extinguiu a pena de prisão para usuários de drogas, o enfoque é no sentido de proteger o usuário, ajudá-lo no que for possível para preservar sua saúde, a Redução de Danos é uma diretriz; o uso propriamente dito nunca foi crime no Brasil, mas sim o porte, por isto exame de sangue positivo não poderia resultar em processo, é atípico (não consta na letra da lei: ingerir ou usar drogas ilícitas ou controladas); esta descriminalização do usuário foi um processo lento, mas sólido, várias jurisprudências foram criadas antes. Na lei brasileira não existe crime de auto-lesão, assim o uso propriamente dito nunca foi criminalizado, aliás, depois da noção de crime hediondo poderíamos ter a noção de punição/criminalização ridícula, assim, exagerando bastante, como condenar à morte quem tenta cometer suicídio, ou exagerando mais ainda (uma vez que o outro ia querer morrer mesmo) prender alguém por uso de drogas étnicas, principalmente maconha, tendo como desculpa, ou melhor, protegendo o bem tutelado, a saúde pública, o que resume simplistamente em prender alguém para preservar sua saúde e a da sociedade, em plena luta anti-manicomial, e passado tanto tempo dos leprosários (e ninguém pensa em prender soro-positivo para HIV), fica na contramão da história da cidadania prender alguém pelo uso de seu próprio corpo, no afã de impedir uma epidemia, e nunca houve no mundo milenar da cannabis nenhuma “epidemia de maconha”, ao contrário da epidemia do álcool, que é incentivada, é a hipocrisia inerente a todo proibicionismo, geram a epidemia industrial ceifadora de vidas, proíbem a cannabis, mesmo a medicinal, e incentivam o álcool, e ganham muito dinheiro com isto, o nosso sangue mundialmente derramado.

Mais uma vez um fenômeno de votação para uma “candidato legalise”, depois daquela do Minc, agora chegou a vez do veterano pela causa do direito ao uso do próprio corpo, particularmente, penso eu, no tocante ao prazer e soberania própria, o Gabeira, o mais famoso e antigo (sem ser velho) político brasileiro a defender abertamente a legalização da maconha, e a descriminalização total do usuário. Imagino que após esta vitória ele esteja muito feliz, o que era crime, ser usuário, ou na letra da lei, portar para uso próprio, passível de pena de prisão de seis meses até três anos, agora passa a ser uma infração sui generis, pois não comina pena de prisão ou multa, ficando garantida a cidadania grower (um movimento cultural internacional anti-narco-tráfico) quando estabelece que plantar alguns pés para consumo próprio é coisa de usuário, não gera pena de prisão nem multa, nem suja sua ficha criminal, mas as plantas serão destruídas após averiguadas, ou seja, no jardim não dá... ainda não, vamos ver quando ficar claro que é redução de danos trocar o álcool, principalmente para quem tem problemas com o álcool, pela maconha, e que é melhor fumar/vaporizar ou beber o “chá verde” (que não é psicotrópico. Existem outros remédios na erva). O fato é que o Brasil caminhou muito neste sentido, legalizando e reconhecendo respeitosamente as religiões do Daime; a religião rastafari não possui templos (ditado pela tradição ancestral, historicamente, depois, a religião passa a ter templo, mas ele é vazio, o altar é vazio), isto dificulta enquadrar em cerimônia de culto o uso do sacramento cannábico e despenalizar/aceitar o uso religioso da maconha. Primeiramente teríamos que aceitar a maneira que a religião rastafari se constitui, o corpo é o templo, como na ioga, por isto ser Intal, naturalista, higiênico e ecológico.

Querem ler sobre a nova lei brasileira:

http://www.icmag.com/ic/showthread.php?t=44420

Abraços Canábicos!
 
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Em busca da Onda Sativa Perfeita (1ª parte: Sweethai Kmylar)

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Estava no chat do fórum cannábico conversando com Kmylar sobre a Sativa Perfeita, aquela que está próxima a linha do equador, mas floresce por fotoperíodo, algo extremamente afinado como 12:30/11:30, uma planta com esta regência, este metrônomo, esta sincronia, poderia compor música, é o que pensávamos, dados aos pensamentos mágicos...

Além da sensibilidade extrema ao fotoperiodismo ela teria que ser gostosa, saborosa, para fazer doces na cozinha cannábica; mas em termos práticos a Sativa Extrema Perfeita precisa resistir às condições locais adversas, resistir ao UV, aridez extrema, insetos também são comuns no clima equatorial, bactérias e especialmente fungos, principalmente o Fusarium oxysporum. Ser uma fêmea pura, sem o hermafroditismo tão característico das sativas equatoriais, a cor não é tão importante, mas imaginei a cor vermelha das sativas do Panamá, mas vinha bem um arco-íris, vermelha, azul...

Solidária foi a primeira semente Sativa que consegui (by Brazuka&elevatorman), depois a lista não parava de crescer, as sativas do norte de Brasil têm um perfil de cannabinoides único, que produz uma das experiências mais claras e limpas (só comparável com certas sativas africanas): Santa Maria, manga rosa, cabeça de nego, thay, haze, mexican e também afegã, blues, oxacan, e por aí vão, sem dispensar toques de híbridos como romulan e Jack Herer, as novas genéticas espanholas como Destroyer e tantas outras, para resistir ao improvável frio, como a sativa de montanha Nepalí Kathmandu, a lista é imensa,Vietnã Black, Bangi Congo; até chegar a Sweethai Kmylar daria para fazer um seed bank...

“Na cabeça ativa, só Cannabis Sativa”, é somente um slogan, mas em termos de pensamento humano, mexe fundo com a coisa...

Apesar do nome da cannabaceae ser este, as outras são subespécies, ficaria então, cannabis sativa sativa, como o homo sapiens sapiens sapiens se busca, eu também buscava A cannabis sativa sativa sativa, a mais sativa de todas, comecei com a compra de várias seeds sativas dos mais renomados seeds banks, depois de chegarem todos os duzentos pacotinhos, coloquei elas num carnaval fotoperiódico até a quarta-feira de cinzas equatorial, começando com 15/9, com somente 15 horas de luz algumas mais índicas floriam, e foram afastadas, depois deixei a orgia “rolar solto” em 14/10, após 3 semanas afastei os machos para não ocupar espaço na growbox, 600W HQI tipo agro, ao invés da preferida por todos, a HPS-agro 600W, mas como o estresse luminoso seria grande, e os estômatos funcionam melhor com mais luz azul, as chances de sobrevivência aumentam na luz azul, e na hidroponia também, e as sativas são bem adaptadas à temperatura de cor alta, este foi o set up inicial, mas tinha que preparar o growroom para receber os bebês que iam nascer, a idéia é plantar dez mil brotos, colocar em 12:30/11:30 e ver quem sobra sem florir, depois tentar uma afinação, a idéia é simples, mas em termos de seleção, mexe fundo com a coisa... Outra coisa é que muitas sativas equatoriais florescem pela altura, pois vivem em 12/12, então a seleção por altura é imprescindível para garantir o ajuste fino.

Minha casa era nos fundos de um salão de bilhar, com mesas de sinuquinha e sinucão, com uma luminária em cima de cada mesa, na última reforma passaram a ser 4 fluorescentes de 40W cada uma, “é pouco mas é de coração”, com 9600 lúmens em cima de cada mesa dava para ver qualquer pedacinho de giz que viesse a influenciar no bendito caminho da ponta do taco até a caçapa, opa quase que escrevi cachaça, muitas vezes, e compulsivamente, já “enfiei o pé na jaca”, sempre acordando com aquele “gosto de guarda chuva na boca”, “ruana me salvou”, agora só ganja.

Uma vez achada a Sativa Perfeita a idéia é maximizar, supercropping, normalmente incremento logo através do fotoperíodo, uso no vegetativo 18/18 e na floração 12/6, mas para a Sativa Perfeita outras técnicas de supercropping serão usadas:
1)A poda fim, o corte é feito em cima do meristema apical e 10% do meristema é mantido, gerando uma meia dúzia de ramas (de ramas, senhor, de ramas...) ao invés de somente duas da poda tradicional, a poda RIB* também será usada, resistir positivamente ao fogo é algo desejável na Sativa Perfeita.
2) Shyatsu canábico, com torções no caule até ouvir/sentir o “click do bem”.
3) o meio escolhido foi a fibra de coco, para controlar exatamente o quanto de aridez, nutrientes, aeração e outros parâmetros como o pH.
4) Uso de Full Spectrum com rotação das luzes
5) Uso de lâmpadas UV-B (mesmo que “descomprovado” cientificamente)
6) Músicas e rezas em louvor ao Criador, Jah! (mesmo que incomprovável cientificamente)

O gen que gera o fenótipo de folha fina da sativa é dominante, e o gene da floração rápida é dominante, mas ele é uma característica mais facilmente encontrada nas índicas, erradicar o hermafroditismo típico de muitas sativas, criando uma fêmea pura, rápida, produtiva, resistente à aridez, ao deserto, ao frio, Super Sativa Perfeita ( a mulher vegetal com superpoderes, alimenta a população e resiste a tudo, a seca, a fome, ao frio, a bala, junto com a população, a super heroína dos oprimidos, durante os ataques que o caveirao faz nas favelas em busca dos criminosos, ela protege os “buchinhas”, figuras esqueléticas, quase sem poder segurar o revólver, menores de idade que os traficante usam para deter os ataques do Caveirão, um robô desumano que trata a todos com crueldade).


Inversamente dos breeders que procuram algo na floração, eu estava procurando algo na não-floração, assim eu teria que eliminar as plantas que florescessem, e a melhor maneira de eliminá-las é deixando-as completar seu ciclo de vida, as fêmeas, é claro, e depois prosseguir na eliminação total, fumando as flores secas, até o último tricoma...

Passei muito tempo fazendo e reformando pranchas de surf, acabei fazendo uma mesa de bilhar de fibra de vidro, e uma freguesia rapidamente se formou para jogar na mesa enquanto distraiam-se trocando sinais de fumaça, coisa de surfistas... “A boca pequena” ouvi o comentário de que nas olimpíadas não tem antidoping para álcool, pois isto desclassificaria os velejadores, todos cervejistas, e o surf não é esporte olímpico pois o antidoping acusaria sempre maconha... que exagero bom no faz sentido... Atualmente estou mais para Jet Sky, de tanto ser rebocado por jet para pegar aquelas ondas gigantes acabei me apaixonando, agora vivo dando giro na máquina direto dentro da água, e nessa vou levando a galera pros ondões ferozes, de vez em quando.

São cem mesas de bilhar, todas elas em fibra de vidro, com tampo superior removível e bacia coletora de bolas com saída ao fundo, ótimos para transformar num sistema EBB and Flow. Cada mesa comporta 300 plantinhas, mas sobra apenas um terço descartando os machos e os hermas, além de uma ou outra deformidade negativa, pois poliploidia como deformidade positiva é bem vinda.

Kmylar e eu conhecíamos-nos pelo fórum, mas, hilariamente, somos figuras que chamamos muita atenção, e freqüentávamos a mesma praia, a praia dos surfistas, sem nunca termos durante muito tempo nos encontrado pessoalmente, ou talvez quem saiba vendo o sorriso da vida no escuro, à noite descendo a trilha do Mourão, uma figura luminosa em suas vestes brancas, interrompe uma falação cyberpunk e pergunta: Você é o macerahemp?...

- Quem sou eu refletido dentro do espelho de sua alma?
- “Dizei uma palavra e sereis salvos”
- Pannag!


Ela tinha magias próprias na feitura de chocolates encantados, feitos com cannabis especialmente escolhida e cultivada, ginseng orgânico e cacau natural, e todos os demais ingredientes seguem a filosofia I-tal, uma seguidora da nova magia canábica, que mistura rastafarianismo, wicka, ioga/tântrismo, shivaísmo e cristianismo, além de pinceladas pessoais de zoroastrismo, sufismo, religiões afros, indígenas e outros xamanismos.

“Que este alimento traga paz à mente de seu coração, e ilumine a ação, iluminação!”
Eu esqueci de perguntar se tinha algo de ácido lisérgico, mas acho que não, é só amor mesmo, em sua máxima psíquica-atividade.

Sempre fui dos sem-grana, mesmo virando pequeno burguês, temporariamente, acabei indo à falência, a conta de luz de cinco mil reais mensais, foi pesada para as economias feitas durante um ano de breeding primário em três pequenos growroons, para gerar trinta mil sementes, enquanto a Casa Sinucanna faturava com as mesas de sinuca, ‘Mesas-Ebb, a verdadeira mesa enchente-vazante’, eu podia patentear isto... (sei lá, para tomar sopa de canudinho em família...).

A música mistura de bom gosto, raga, reggae, rock, rumba, rap, só pra citar algumas que começam com r. A Casa chegava a render 4 mil por noite de fim de semana, as mesas eram automatizadas, era só colocar fichas, moedas de 25 centavos, não vendíamos bebidas alcoólicas, depois alegaram isto como causa da falência, mas o período muito prolongado de fechamento para reformas foi o responsável.

Água gelada ou refrescos quase-sucos, podiam ser conseguidos nas máquinas com a moeda de cinqüenta centavos, havia uma máquina que trocava papel moeda por moedas, tudo funcionava sem me dar muito trabalho; certamente que vendendo bebidas alcoólicas a casa renderia mais, mas minha ideologia Intal é firmeza (daí minha alma não tem preço) e a idéia é vender bom e barato.

Kmylar 99,99% de reflexão na Rave in Ravel

Fiquei de plantar a sativa perfeita para servir de recheio ao doce mágico que Kmylar, Sweethai, combinamos por private mensage, prepararia para abrir o meu sexto sentido e o terceiro olho, “proporcionando mirações no tempo, e o encontro do grande amor de sua vida”, enquanto isto eu estava no breeding feroz, nem tinha muito tempo para sair da Casa Sinucanna, mas fui a uma rave, depois de dançar a noite toda, de manhã começa tocar o bolero eletrônico de Ravel, e chega uma mulher linda com uma vestimenta reluzente de mylar, igual aquele que usamos na growbox, com máxima refletividade, ao longe tive um satori e pensei em Kmylar, era ela, divina, mas eu já ia dormir, estava com frio e sono, e vinte anos mais velho do que ela, naquela quinta-feira, e ainda faltava muito para o domingo, do big-bonge.


Como eu gostaria agora de ter um Sweethai, um chocolate mágico para abrir minha mente ao que fazer, com nove meses e três colheitas, partindo para a fase final faltam poucos meses para chegar a Sativa Doze e Trinta (sativa 12:30/11:30), já tenho as linhagens de 13/11, para salvar a casa comercial teria que abrir mão do sonho da sativa perfeita, não deveria ser difícil desistir de um sonho, uma vez que a realidade não bate à porta, entra subitamente pela janela, ou como forma de cobrança judicial nas caixas de correios.


Estou numa fase inusitada na vida de um grower, com dois meses de floração estou num jardim resinado, somente uma planta não floriu, achei! É Ela, não me interessam as dívidas, a única certeza que tenho é que nada de planta sagrada será vendido, é uma questão ideológica e religiosa, mesmo assim, tenho que me livrar de 10 quilos de flores secas, cada mesa acabou rendendo no máximo uns 50 gramas por colheita, e mesmo eu fumando meio quilo ao mês (para ter paciência de aplicar shyatsu cannábico em mais de 10 mil plantinhas no início e em mais três mil plantinhas no meio da floração, e cuidar da manutenção da automatização da coisa toda, automatização dá muito trabalho...), mas ainda tenho que liberar uns dez quilos, o dinheiro para o aluguel acabou e em dois meses o negócio seria liquidado, e toda a estrutura teria que estar desmontada antes, a idéia é que o que se monta em um mês se desmonta em um mês, mas a acúmulo de matéria é grande e o trabalho de remoção é maior, vários ajustes são feitos no decorrer dos meses, apertos em parafusos, que agora serão desapertados com mais força e de uma só vez, uma série de detalhes de armazenagem que você não contava, enfim, demora mais para desmontar do que para montar. Ainda tenho que ir à reunião do Clube dos Breeders, serei O Verdim e falaremos sobre a nova lei e o auto-cultivo como forma de combate mundial ao tráfico, além de escolher a melhor sativa pura.


A nova lei de Políticas Públicas sobre Drogas descriminalizou, ainda que parcialmente, o usuário de maconha, pelo que entendi o caráter da lei é educativo, jamais punitivo no sentido de ir para a cadeia, primeiramente seria uma advertência sobre os efeitos das drogas (do álcool também?), depois serviços comunitários, e somente em caso de recusa, então, finalmente, seria aplicada uma multa. Não que eu desejasse nada disto, mas depois de “centos anos” de proibição aos maconheiros resolvi comemorar, coincidindo com o fim de tudo, das curas, fui à praia tostar na seda de celulose o green responsa (e sem sangue); de camelinho, no caminho cruzei com a patrulhinha, minha camiseta escrito: Solidária X Free Tibet, normal, lei 11.343/06, o clima é de descriminalização do usuário, fui pra areia, montei a barraca, baseadinho transparente, fumo verde-fluorescente, isqueiro laser e, buummm! Fogo na bomba verde-bandeira, o gosto adocicado desce pela garganta e sobe pelas narinas, nem prendo muito, estou a pampa, sem catrancos a fumaça leve permeia o ar e rarefece-se rapidamente, o mar é sempre bonito, mas alguns detalhes realmente estavam me escapando, não mais agora, as crispas das ondas acenam levemente para mim, sutilmente para não chamarem atenção sobre nossa cumplicidade, cada onda que quebra produz uma harmônica musical e juntas tocam uma sinfonia única para meus ouvidos...

A roda gigante, ou roda de gigantes, está formada, vários breeders com suas varinhas mágicas, 100% celulose envolvem tricomas, pistilos, ovários, cálices, e aquelas pequenas flores resinadas muito próximas da flor; também acendemos um sonzinho, e vai rolando bem baixinho, para não interferir demais no contacto com a natureza, o irmãozinho Otto: “a gente aperta, fuma e rola, beija a nega a noite inteira, nego a rodar... roda mundo nego a rodar... ciranda de maluco, aqui em Pernambuco é bom demais!”. Próximo tem uma galera de seis malucos, está rolando uma vela na roda. A conversa é só sobre a descriminalização do usuário:
- eaê maluco! Tá sabendo que redescriminalizaram o usuário?
- sabendo que descriminalizaram, é isto?
- “máômeno issaí”, não era crime até 1961, ou seja, passou milhares de anos sem uma conduta ser criminalizada, “em tão” nunca foi crime, daí é mais uma redescriminalização do que uma descriminalização
- não maluco, é uma descriminalização, os caras não eram criminosos e derrepente soa taxados assim, se fosse redescriminalização já teriam incriminado e descriminado, a assim por diante...
- pior que é, já proibiram a maconha para os escravos, mas depois nas farmácias mais de 50% dos medicamentos tinham a erva em sua fórmulas pouco antes da proibição da erva e início da caça mundial aos maconheiros
- caça aos maconheiros, tá viajando? Não me sinto caçado... agora então, tô abonado...
- Eu também relax com esta nova lei, “tô apampa no pampo”. Roda aí!
- xará, se tu se sente caçado ou cassado, não sei, mas tem dois guardinhas chegando aí
- pô, sem nóias, encabeçada geral com 30 aqui ao lado, cada um com o seu exclusivo, um verdaço dando pala, maior bandeira, não é possível que venham para cá, pra pegar seis manés com um baseado, passa logo a parada...
- tem certeza?

Eu era o seda-verdim e não entendi nada, “os locais” ali na rodinha com um baseadinho passando de mão em mão estavam para serem levados pra “delega”, e nós ali ao lado fumando cada um o seu, e antes que pudéssemos trocar os beizes, para cada um experienciar a planta do outro e votar no melhor strain, chegaram dois policiais enquadrando a rodinha, levariam todos os seis, e deixariam aqui os trinta breeders encima da Pedra Listrada?

A idéia é fazer uma apreciação pública e em alto astral do aroma canábico das plantas do clube dos breeders, escolhemos uma praia paradisíaca, e resolvemos fumar um na pedra de Itacoatiara, ou como di zen os locais, “dá um dois na pedra de Itaqüá”

Todos levaríamos os “backs” arrolados em sedas de 100% celulose transparente, somente a minha seria celulose verde para marcar o início da roda, todos os banzas deveriam pesar cinco gramas. Cada um daria uns quatro pegas e passaria o bastão, dei uns pegas a mais e passei, em verde, para não passar em branco (desculpem-me pelo trocadilho), para a mina mais linda, e que estava ao meu lado, obrigado Jah, por Kmylar. Infelizmente a tentativa de aproximação dos poliças não deixou rolar o clima pós-primeira mordida no biscoitinho em forma de coração (biscoito: esse nome é sex, sugestivo, atrevido e vem boca adentro)

Seis tocos na água

- Todo mundo parado, é crime o que vocês estão fazendo
- Aloha, aqui somos todos usuários, que pela nova lei foi descriminalizado...
- “Caso ofereça droga a um amigo ou conhecido — sem o objetivo de lucro, para consumo conjunto — o infrator pode receber uma pena de seis meses a um ano de detenção, além de multa, cabendo ao juiz — pela prova dos autos e motivadamente — distinguir entre o traficante e o usuário surpreendido na posse de droga ilegal.” Ou seja, o dono do baseado está preso.
- Que é isto? Tô boladaço! É pegadinha ou é lei?
- Vou ler para vocês o parágrafos 2 e 3 do artigo 33:
“§ 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga:

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.

§ 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.”

- O senhor deve “tá tirando”, estamos aqui em seis, e logo ali tem uma roda, “mó crowd”, umas trinta cabeças, cada um amarradão no seu, e como não estão passando de mão em mão, “tá tranqüilo”, mas se passarem de mão em mão, aí o “bicho vai pegar”, imagino que todos sejam considerados criminosos, ou a ação “trocar entre si” não está prevista “na dona justa”?
- O crime deles é menor, não gera prisão na nova lei, e devido a serem muitos teríamos que chamar reforços, mas se trocar de mão em mão...
- Aê, sangue, acho que descriminalizou sim, tanto que no § 7o o usuário é chamado de infrator, e não de criminoso. Ou seja, usuário não é criminoso.
- Aí, Brow, esta nova lei é o “maió kaô”, continuam dizendo que é melhor a gente beber cachaça do que “dar um dois” na santinha...
- Aê maluko, se beber, nem fica encima deste “tocossauro”...
- Podes crer, sem “condiça” de surfar bebum!
-“Podiscrê”, fica “cabuloso”, bebum é soca direto!
- Bebum é vaca certa, mas derrepente se der um dois swell fica até flat...
- Segura a apologia aí, tô cabrerão, será que vamos rodar mesmo, na moral?
- Pô, libera a gente aí, tô na maior “larica”, é hora do “rango”.
- Os haoles com cara de dindin e o point embaçado aqui. Ó o verde explanante...
- Tenente, acho que o baseadão “verde explanante” mudou para a mão da mina...
- ...é melhor verificar isto, mantenha-os sob mira do revólver enquanto vou ver o que está acontecendo na roda gigante...
- pow, revólver nada a ver, a gente tá praticamente nu; só porque os brodis tão passando unzinho na roda?
- Revólver é pra vocês não saírem correndo.
- Sem querer botar pilha, mas quer dizer que o senhor atira se a gente, digamos assim, der no pinote...
- Se a gente “sair voado...”
- É, tipo, “sair batido...”
- “issaí”, atenção casca, “dar vazari...”
- “sair saindo...”
- Fui!
- Fomos!


macerahemp dezembro/2006, Feliz Natal, Aloha!


nota:
* RIB (aumenta o número de pistilos, e tricomas – “Right, I Burned it”)
Um pouco sobre a RIB, o queimado de pontas:

http://www.cannabiscafe.net/foros/showthread.php?threadid=34755

Este conto cannábico está no cannabiscafe: http://www.cannabiscafe.net/foros/showthread.php?t=71094


Fiquem com Jah!
 
Uma historieta sem nomes de personagens, somente no fim, o nick e o peso do nome...

Em busca da SS (2ª parte)

─ Não é isto, é que a lei mudou, agora eles não são mais criminosos.
─ A lei mudou, mas minhas dívidas continuam as mesmas, a operação caça laboratório continua.
─ Mas pela nova lei do que adianta acharmos uma growbox com dez plantinhas?
─ Growbox? Que é isto?
─ Estufa, né?
─ Eu sei que é estufa, mas tem que dizer LABORATÓRIO, e que custou MUITO dinheiro, pra dar um tom de criminoso profissional, perigoso. Tem que dizer que uma plantaçãozinha em casa pode se propagar pelo estado inteiro, um perigo, uma epidemia, mães apavoradas, é isto, o terror!
Putaqueupariu esta lei, ehin? Num dia é crime hediondo e no outro é a maior Disneylândia, se o filhadaputa resistir não pode nem levar preso, dorme com um barulho deste! Temos deputados trabalhando para manter os usuários na cadeia, retroceder a lei, infelizmente muitos estão envolvidos em escândalos.
─ Realmente isto vai contra tudo que nos foi ensinado por todo o tempo.
─ Fecharam meu caixa-automático, logo agora que eu sai da madrugada, o pó vai ficar mais fácil, tem que ter para ficar acordado nas madrugas, e as putas se amarram... mas elas continuam apavoradas, veja aquela drogada que morreu porque engoliu os flagrantes para escapar de uma blitz. Nas madrugas já comi muitas drogadas apavoradas em serem presas, o que eu fazia ela engolir era outra coisa...
─ Nojenta esta conversa...
─ Humm, tá sensível a moçoila... A maioria é vadia mesmo, com drogas na madrugada...
─ O que é aquilo ali?
─ Uma bóia com um bebê, está escutando o choro?
─ Sim, a escuta capta o choro, é estranho, cadê a mãe?
─ Segura o binóculo aqui, que eu vô lá vê.
─ Aproveita e traz um sanduba que eu estou morto de fome, e melhora este astral, está sinistro...
─ Sinistro são os traficantes queimando pessoas vivas dentro de ônibus, e são os viciados que alimentam estas pragas.
─ Mas caçando os growers não vamos resolver este problema, talvez até piore...
─ Cara, todo problema piora com o tempo, não vamos resolver os problemas do mundo, vamos resolver nosso problema, dindin... E vê se para de chamar de grower, parece um viadinho falando tudo em inglês, é DONO DE LABORATÓRIO, aprende isto se quiser pegar alguém.
─ Viadinho é a vovozinha, volto dizer, eles não são mais criminosos, não podem ser tratados do mesmo jeito, tapa na cara e abaixa a calcinha....
─ Esta conversa está me deixando nervoso, cabe a nós provar que eles são criminosos, tem brecha na lei, a imprensa nos apóia, até escrevem Skank errado para manter a desinformação, a desinformação é a maior para caçarmos estes viciados, não esquenta, lei nova é o caralho, vamos faturar...
─ Sei lá, cara, vai lá ver o que é aquilo, está engrossando o caldo, os salva-vidas já estão na água.
─ Você anda lendo, muito, aqueles sites de apologia na internet, está se contaminando pelas histórias deles, melhor você se afastar disto, abre teu olho...
─ Vai lá, e não esquece do meu sanduba, estou na maior larica...
─ Ihh, tá dominado, falando igual a eles.
─ É brincadeira, eu tenho cara de maconheiro?
─ Tem, cada dia estou achando mais isto.
─ Olha a brincadeira, isto pode custar meu emprego, vamos para por aí.
─ Ah, não era você que estava defendo as coitadinhas das bichas maconheiras?
─ Não estou defendendo ninguém, apenas a lei mudou, temos que seguir a lei...
─ É, a coisa tá séria... ce tá estranho... a lei mudou mas continua sendo crime, está na parte dos crimes, estão é crime, e vamos enrabar esta putas! Valeu?! Já volto!


Comecei a usar cannabis para controlar um transtorno obsessivo compulsivo, TOC, em substituição aos fármacos sintéticos, os ansiolíticos e antidepressivos associados

No site já tinha lido sobre cultivo extremo, breeding extremo, poda extrema, mas redução de danos extrema para grower foi onde me concentrei, por ser extremamente detalhista e preocupado com segurança alimentar e da saúde fui escolhido para tratar da segurança do encontro de breeders, contratei um mágico, um palhaço também... O cara! Pensei que o incidente da garota insinuante fosse obra dele, pouco antes da polícia aparecer, como se fosse um aviso...
Houve um momento em que tudo parecia perdido, um policial militar apontando a arma para a roda de gigantes e outro vindo em direção dizendo-se da civil. O boneco na água eu sabia que era distração, quando logo antes, ele chegou com a cestinha de salgadinhos e amostras grátis de barra crocante de cereais, e oferece ajuda ao policial, pega rapidamente, com seu jeito Japa, todos os cones de nossas mãos e coloca na cestinha para entregar ao guarda, entrega logo a seguir, mas a troca já foi feita, não tem mais maconha nos baseados, é a vantagem de contratar um mágico para a segurança, e um palhaço. O mate que nos serviu tinha sabor citral canábico, é inconfundível e delicioso. Sempre rindo sutilmente, ele está realmente rindo, não dá pra saber, acho que sim...



─ Caraio mané, que é aquilo?
─ Cabuloso, aí, vô dá um tchibuumm pra saber qualé...
─ Parece uma criança numa bóia, é isto?
─ O cara, maior olho de águia... podis crê, e tá chorando, sacô?
─ Também vô, quem segura o baseado aí pá num molhá?
─ Eu...
─ Eu!
─ Eu, também, ehehe...
─ Vai na fé!
─ Também vou
─ Fica aí mané, vai criar mó crowd, mó cabeçada na água... relaxa ái, dá um dois, já volto, conheço os salva-vidas, sou do salva-surf, tá na paz...
─ o muleke tá no maior pânico...
─ Tá na angústia, no pânico o afogado não fala, todas as forças são usadas para salvar a vida nos últimos instantes antes da imersão, muitas vezes a cabeça já imersa e “cavando para fora do buraco”, depois oriento vocês na parada, volto já, aloha!

Redução de danos extrema no plantio e no consumo, dificilmente esqueci de alguma coisa, desde usar luvas para não se contaminar com germes da terra, até não respirar pó de vermiculita quando o solo está seco. Sempre lavar as mãos antes e depois de mexer com a terra ou as com as plantas, eu que lavo as mãos umas 50 vezes ao dia, quando estou sem erva, a medicação de farmácia não atua bem sobre meu organismo, me dou melhor com os naturais. Agora vou escovar os dentes, umas trinta vezes ao dia, dizem que faz mal, estraga a dentina, mas eu não uso sempre pasta dental abrasiva, e faço muitos bochechos com bactericida natural. Como a maconha é afrodisíaca não deixem de andar com camisinhas extras. E com lubrificante, quer uma dica? Reforçada, e pode usar duas que é mais garantido, quase não perde a sensibilidade, ainda mais com o gel que desenvolvi inspirado naquele gel clonador do zoiovermeio, só que o meu é estimulante sexual, e poderoso bactericida, acaricida, fungicida e anti-viral, inclusive insetos ficaram presos pela viscosidade e morreriam por asfixia, in loca. A cor eu escolhi rosinha, é mais feminino, bastam 50 ml que garantem a saúde sem contaminações, pode, e deve, ser usado antes do sexo oral, pois tem gosto de morango (ou chocolate), mas lave a boca bem para não estragar o trabalho do gel sexual esterilizador, senão vai ter que usar mais uns 20 ml para colocar o carrinho na garagem, em segurança. Infelizmente tenho que melhorar o desing do injetor, está assustando as namoradas e nenhuma ficou comigo depois de ver a geringonça, mas é segura. Segurança é tudo, quer uma dica? Sempre use proxy anômino, web proxy, mais um residente, como o JAP, mas atenção, as configurações do JAP nem sempre ajustam automaticamente o browser, verifique se está em localhost na porta 4001. + Firewall e antivírus! A segurança do sucesso é a segurança do segredo.

─ Então, demorei, voltei, já desenrolou, era um boneco numa bóia, um boneco muito parecido com um bebê, igualzinho, e chora igual também, idiotice, né?
─ É primeiro de abril...
─ Deixa de ser inocente, tem alguma coisa estranha acontecendo...
─ Ah, não! Já tecou outra vez!? Vai começar a paranóia de novo?
─ O vagabundo vem cherá na praia, perdeu os trocados e a peça sem vergonha, relojinho barato, já andam pra perder, não vale nada, eu dô pras pervas num fast sex.
─ Ah, falando inglês...
─ Sobre mulher eu falo em qualquer língua...
─ Sei, esqueceu do meu sanduba, né?
─ Tem um pó safado aqui que tira a fome, vai?
─ Não, sanduba é insubstituível...
─ Porra, estão vai lá, cara, que eu vô dá este teco...
─ Vou, né, “fazê o quê”? Pelo visto você tb é criminoso...
─ É o que eu digo, não seja pego que não serás criminoso, mas, não foi você quem disse que não é mais crime ser drogado, protegendo os tais?
─ Foi, mas eles NÃO alimentam o tráfico...
─Eles quem?
─ Os growers...
─ Que PORRA é esta de grower, para com esta palavra que está me dando nos nervos, é Dono de Laboratório! Os laboratórios custam carão e eles só podem querer lucrar com isto, entendeu, são traficantes em potencial, e podem espalhar a epidemia da plantação de maconha pelo estado todo, ou até pelo país inteiro, entendeu? Agora imagina, o país todo plantado de maconha e os Estados Unidos invadindo aqui e jogando veneno em nossas terras, igual nos países ao lado, é o dono mesmo, quem tem arma é quem manda, se a população tivesse votado a favor da proibição de armas tava melhor, agora eu que vou levar tiro, por causa destes doidões? A barra tá tão pesada que ao invés de viaturas vamos ter que andar de caveirão pelas ruas, na favela já é! E...
─ Cara, esta é da boa, virou uma matraca! Não cheira mais não... Segura a onda! É sério, aí, já está se mordendo todo, para de fazer caretas que está bandeirando... Toma conta do meu celular... Já volto, quer água?


─ Alô. Major, ele usou novamente. É, aqui na praia. Sei lá, alguém usando cocaína na praia. Até quando isto vai continuar, ele está paranóico, falando sem parar, mordendo os lábios e fazendo caretas, ele não pode usar isto... Não tem limites, sempre fica de macaco. Acho que tem mais sim. Agora vai ficar na fissura e vai querer ficar escoltando a saída das bocas, para pegar os papelotes dos usuários. Não, invadir a boca pra pegar só com armação do superior, o comandante está sob controle? Ele acha que eu sou de confiança do comandante e por isto sou seu parceiro, mantenha isto assim, é o meu que está na reta, o cara é matador, tem conhecimento com alguns comerciantes que financiam os justiceiros, com cafetinas, com meio mundo, cuidado que é o meu que está na reta. Está bem, manterei contato, vou deixar o celular aqui, pega por GPS. Pra você também, se cuida!



─ Olá, gostossura, veio atender um cliente por aqui, saiu lá das termas?
─ Mais ou menos, me paga uma cerveja que a gente conversa, talvez precise da sua cobertura, a ajuda policial é sempre bem vinda.
─ Minha cobertura é toda sua, deixa eu pagar uma cerja pra minha perva.
─ Seguinte, tem um traficazinho aí na praia quem se enrabichou pela filha de um bacana, ela é maconheira bacana e ele traficante pé-rapado, conhece a cena, né?
─ Claro, mané tá armando pra cima e vai embarrigar a garota
─ É, mas o pai dela também freqüenta o gueto, só que não vai às termas, mas mostrou a foto do trafiquinha e várias conheciam ele, daí me chamaram para transar com ele e filmar tudo para acabar com as ilusões da bacaninha filhinha-do-papai. Está vendo aqueles três ali, um está saindo, deve ter marcado pra pegar, ele é o da direita. Deixa eu ir lá, tem uma dica pra você, e você fica me devendo...
─ Claro princesa, você é quem manda...
─ Tem um mané que cheira aqui na praia, no trailer, o dono está sabendo e dá cobertura, pois é da família, um tio que tem uma história com a mãe dele, de repente pra não vir à tona, ele deixa o moleque cheirar no banheiro e faz vista grossa. Tá me devendo, einh, vou cobrar, vê se sobra pra mim, um risquinho só... sempre é da boa!
─ como é que você sabe desta história da mãe e do tio?
─ ela fez uns programas quando era universitária, para bancar a facul, que nem eu, né? E minha mãe conheceu ela, por coincidência, atenderam o mesmo cliente, ao mesmo tempo, uma coisa assim a agente não esquece, daí minha mãe reconheceu ela aqui na praia.
─ ela dá mole andando pela praia? Tem como provar isto pra gente faturar um dindin em cima da coroa?
─ cara, ela casou com um bacana, que freqüenta até hoje... Ela chorou porque queria sair desta vida, que aquele era seu segundo encontro, que tinha sido espancada no primeiro, sorte que estava num motel, nem sexo rolou, e aquela choradeira de puta, né? O magnata casou com ela.
─ Tem algum magnata que não transa com garotas de programa?
─ acho que não, se você fosse magnata não transaria com todas?
─ claro, e você seria minha cafetina, gerente de garotas de programas.
─ como se você precisasse disto...
─ É, mas deixa eu armar o bote pro malandro, quando ele achar que a porta está fechada, é a hora da surpresa, o trinco não fechou direito... “Mão na cabeça mané, perdeu, não deixa cair não, esta rapa é minha!”. Minha e da minha princesa, né? Deixa eu ir logo, se adianta aí, depois a gente conversa, não vou esquecer de você, pode deixar, que eu guardo um risquinho...
─ não esquece, eihn?
─ ah, e aquela roda gigante ali?
─ só skunk, só deve ter bacana, mas gays, quando eu cheguei à roda a parte de cima do biquíni caiu, quando tentei ajeitar, aí eu pedi pra alguém passar óleo em mim, ninguém quis, e as minas fizeram aquela cara de quem comeu e não gostou, sabe? Tem um magrinho de óculos, cabelo bem escorrido, que fez cara de nojo...


Vou levar minha prancha, um pranchão, quero cair naquela praia linda, e vou levar as sementes S1 da Sativa Perfeita, fiz com ácido giberélico, em spray, comprado no “No Mercy”, as flores masculinizadas da própria planta. Homogeneidade a jato, “estabilizei” e feminilizei em uma geração. Todos vão ganhar sementes da Sativa Perfeita. O nome do encontro: Roda de Gigantes.



─ Elas escolhem sempre um lugar bem longe pro cheiro não ser sentido, um lugar deserto, escondido, elas armam a cama, eu só deito, é como disse...
─ que é isto, tem mais de um grama aí! Você está suando a cântaros, para de cheirar, larga esta carreira aí que eu cheiro, de repente, primeiro deixa eu digerir o sandubão.
─ vai melá, é melhor eu mandar logo esta, tá na boa!
─ você não tem mais idade pra isto, e dizem que velho brocha quando cheira, e a gatinha que você falou?
─ enquanto eu tiver língua e dedo mulher alguma me mete medo! A gatinha está de serviço, depois explico, por hoje eu vou arrumar outra, na roda gigante tem uma linda, quando cheguei na roda ela estava com um baseadão verde na mão, me olhou com aquela cara de assustada, que eu adoro, e que faria qualquer coisa para não ser presa, e comida pelas sapatoinas lá dentro, ela é muito linda... hoje é minha! Vamos escoltar ela na saída da praia, bem longe pra não pintar sujeira. Deixa comigo, depois é a sua vez, se quiser... ou é boióla? Vou pegar uma cerja ali no trailer que o dono ficou meu “amigo”, e fica de olho, se eles começarem a sair me avisa logo, fica de olho NELA...


─ Major, ele está fora de controle, e começou a beber. Tem mais de um grama. Sei lá como ele arrumou isto tudo... Não, agora quer dar um forjado numa menina que ele diz que é “dona de laboratório”, agora cismou que vai caçar os plantadores domésticos. É, plantadoras. Conversar com ele? Só ele fala, está descontrolado, agora de dia, solto assim pelas ruas, armado... Não posso dar voz de prisão, a patente dele é superior. Medo, eu, claro, sabe-se lá quantos ele já matou? Ele vai esperar ela na saída da praia, filmem tudo, sejam discretos, é o meu que está na reta! Testemunha, eu? Que é isto, já vou entregar a gangue de bandeja pra vocês. Depois que ele der o forjado, e começar a assediar ela, vocês chegam pra impedir que ele leve ela para algum lugar, e mim também... Tenho que desligar porque ele está voltando...

─ Olha a cerva geladinha aí. Trouxe uma pra você também, deixa eu dar mais um tequinho aqui rapidinho, vai nessa?
─ Não, não, agora não, está o maior sol.
─ Tomei uma chuveirada na cabeça no trailer do meu amigo, tem certeza que não quer?
─ Você se enturma rapidinho...
─ Tudo é uma questão de conhecer as pessoas certas...
─ Vamos dar o bote lá na estrada, precisa ver a bundinha dela, uma delícia, adora estas que fazem o tipo garota de família.
─ Tipo não, ela deve ser uma garota de família.
─ Garota de família ou não é criminosa, maconheira, drogada e hoje é minha, a não ser que o parceiro aí queira estragar a minha festa?
─ NÃO, que é isto... Faz o que tem que fazer
─ Depois você vai ter sua parte tb.
─ Ah, deixa pra lá...
─ Não?! Ou você é viado ou é espião, como o comandante mandou um cara tão devagar para mim? Disse que você cheirava e comia umas vagabas.
─ Não é nada disto, que nojeira, meter logo depois que outro já meteu...
─ Ah, sei, tá querendo ir primeiro, mas a vez é minha, você vai em segundo, já é hora de perder estas mariquices e aprender a ser homem.


─ Oi garota, o que está fazendo aqui? Está trabalhando, com algum cliente?
─ Não, parei com esta vida. Estou aqui porque estou namorando um coroa que vai casar comigo, hoje saí pra dar um rolé, de bobeira...

─ Não é a primeira vez que escuto esta história, o sonho das putas... o golpe do baú.
─ Pelo menos é um homem só, e não corro perigos, eu gosto dele, ele é legal, vai tomar conta de mim, está tão apaixonado, e o sexo nem é muito bom, nem quer coisas diferentes...
─ Quer dizer que parou? Se eu te oferecer uma grana pra pagar um boquete não rola?
─ Quanto?
─ Não disse, uma vez puta, sempre puta, é uma questão de preço e jeitinho.
─ Não é nada disto, muita grana é claro que não vou resistir, mas você é amigo, especial, rola uma química entre a gente...
─ Pode ser depois, aqui não vai dar, vai sujar minha barra, mas quero um favor seu.
─ É só pedir querido, o que você me pede chorando que não faço sorrindo?
─ Tem um rival na parada, tb é maconheiro, mas é bacana, carrão do ano, sempre tem skunk, que eu vendo pra ele, se formou em antropologia, é metido a esperto, está usando a minha maconha pra ganhar minha garota, mas é inocente, criado dentro de casa. No seu caso é como as putas que nunca foram a um garimpo e chegam achando que é pagamento em ouro, com fartura, e depois vêem as meninas amarradas às camas, punições com a morte e a tortura na terra de ninguém, de ninguém não, na terra dos coronéis.
─ Aí, que história triste que estás me contando, desembucha logo, quer que eu pegue o inocente pra você? Ele é virgem? Virgem é mais difícil...
─ Ele não precisa trepar com você, daqui a pouco ele vai chegar para pegar uma paranga de kunk comigo, você vai falar de um puteiro e eu vou dar força, quando ele disser que vai ao puteiro eu “sem querer” vou gravar no meu celular, que estava testando por acaso no momento, depois mostro pra ela e é menos um entre eu e a burguesia. Não me entenda errado, eu gosto mesmo dela, tenho até medo dos meus fornecedores, que conhecem gente barra pesada, queiram seqüestrar a ela ou a nosso filho...
─ vocês tem filho?
─ Não, ainda, mas é só passar óleo mineral na camisinha que ela estoura, é garantido e já ocorreu duas vezes, no período fértil.
─ tem cocaína aí? Não, parei faz tempo, não mexo mais com isto, os traficas do morro matam ou espancam quase até a morte quem vende pó aqui na cidade.
─ você é esperto, vai ser difícil te pegarem... bala ou docinho, tem?
─ Olha, fica esperta, o pastel está chegando, eu tenho que gravar no momento certo... Diz que você é antropóloga, fala de índio e coisas assim... Aí, faz as perguntas até ele dizer que quer ir lá no puteiro...
─ Nada disto, vou dizer que existe preconceito com as GP e se ele não tiver preconceito que diga sem gaguejar que sairia com uma GP, sem preconceito, ele vai falar isto só pra dizer me provar que não tem preconceito, e você grava, eu respondo, “então vamos sair, eu cobro 150 reais.” Ele vai rir, e você corta a “gravação sem querer”. Pronto, menos um otário... Homem que não come puta é otário, um dia nem sabe vai casar com uma, pois não conhece o metiê... E você me deve uma e vai pagar esta noite, leva uma balinha, estou a perigo, o coroa não dá no couro direito... Conto contigo, mas ninguém pode ficar sabendo, senão mela o meu casamento com o coroa, vamos marcar? Na casa da minha prima? Está vazia, titia está viajando... de novo!

Desde pequeno gosto de fazer mágicas, ganhei o pequeno mágico do papai, adorava transformar água em vinho, e usar o tal sangue do diabo para manchar as roupas e depois desaparecer, mas o que mais me encantou foi num kit a luz dos vaga-lumes, luminescência química, quando no escuro do meu quarto, segurando o tubo de ensaio, pingo as últimas gotas do catalisador, escorre dispersa a luz verde, sacudo e vejo a luz fosforescente, e penso se poderia ter uma planta vivendo desta luz dentro de uma caverna, acho que neste momento havia luz da consciência na dormência da semente de um grower.



─ Segue o carro com os dois, a lindinha e o japa, perto da igreja que está em construção liga a sirene e manda parar, o pastor é da curriola, vai dar cobertura, tá me devendo, já arrumei uns garotinhos pra ele, que nojo, sabia que padre era pedófilo, tb não pode casar, mas pastor pederasta é novidade, tem maluco pra tudo...
─ Isto não vai dar certo, você nem sabe de quem ela é filha... está de dia, todo mundo viu a gente saindo da praia, tem outro junto que não estava nos seus planos.

─ Meus planos? Nossos planos. Não deixa distanciar não, manda encostar, pode mandar... Ali a igreja... Tenho as chaves, mas vou dizer que pedi ao pastor na hora, para logo...

─ Documento e habilitação senhorita...
─ Pode deixar, só quero a bolsa, já vi fumando maconha na praia, com licença senhorita, a bolsa por favor... aqui, senhorita, que pacotinho com pó é este?
─ Esta droga não é minha
─ Opa, quem falou que era droga?
─ Sei lá...
─ Tem gosto de cocaína, isto vai dar muito inquérito, vamos entrar aqui na igreja, vou chamar uma policial feminina para dar uma geral na menina, e você garotão, eu mesmo vou dar uma geral, lá dentro...

─ Este pacote não estava na minha bolsa...
─ Está tentando insinuar que eu sou desonesto? É desacato a autoridade! Vamos já pra igreja, sair deste sol e conversar melhor...
─ Olha vou logo avisando que não tenho dinheiro...
─ Outra vez insinuando que sou corrupto, vou ter que algemar o garotão.
─ Ei, péra aí, não algema ele não, eu devo ter algum dinheiro...
─ Ah, além de drogada está tentando subornar o guarda, se você não fosse tão bonita eu diria que não teria jeito... Vou algemar você também, mas numa posição que vai gostar mais...
─ Olha, isto não pode continuar, são garotos inocentes, não são criminosos...
─ O que? Está na lei, é crime, droga é crime hediondo! Seguinte, mão na cabeça você também, desde o início desconfiei, é espião da corregedoria, X9, como diz a música, fogo no X-9 da cabeça aos pés, cadê meu parceiro de anos? O comandante me entregou ou foi enganado também. Agora alcagüete tem outro nome, delação premiada. Vai pra vala, todo mundo!
─ Não vai adiantar nada, a casa já deve estar cercada, toda a quadrilha foi desbaratada, até os seus superiores; prostituição infantil, tráfico de mulheres, tráficos de escravas, sabemos de tudo, desista, o reforço policial já chegou. Vai pra cadeia, vida boa, prisão especial, tudo amigo, visitas íntimas, sai por bom comportamento antes do tempo, é primário. Se renda, acabou.
─ Não acredito, não ouvi nada, está blefando, cadê minha coca? Cadê o Japa? Ele estava algemado ali... Será que vou ter tempo de comer esta vadiazinha? Aqui no chão o sacolé, é só meter o canudo, nem precisa bater. Que porr...

A polícia cercou a casa, Igreja da Vida Divina do Fim do Mundo, nossos megafones clamavam a entrega dos reféns, ameaçavam entrar, mas ninguém responde, quando a polícia entra estão todos amarrados, com fita na boca, menos o Japa, salvou a todos se libertando, rotineiramente de algemas, atacando o monstrinho como Davi atacou Golias, é a mira do mágico, deixou uma banana com lacinho em seu lugar, “um mágico, e um palhaço”, é o que ouvi dizer. Sai desta atividade, trabalhar infiltrado não é pra mim, inclusive tirei da cena a bilha de aço, guardei como lembrança, tem um furo no meio, para usar como marica... Falar nisto, vou fumar um chronic em homenagem ao Japahemp! Valeu, seu puto! Te devo a vida, seja lá você quem for...


Macerahemp01012007





Mantendo a tradição de elucidação dos temas abordados nos contos (vejam no icmag mais sobre o candomblé no conto “corpo fechado”), cito um trecho na rede, de uma entrevista com o soul surfer brasileiro:
Fonte: http://waves.terra.com.br/editorial/img_dig/arquivo/imp_dig011101/impressao_digital1.htm

P.: E as drogas, quais eram as mais usadas pelos jovens da sua época 60. Como era sua relação com elas nessa época? Você também era da turma que freqüentava as "Dunas do Barato", no Rio?

R.: As drogas estão aí desde que surgiu a vida no nosso planeta. Acabo de ler uma belíssima reportagem numa revista italiana mostrando as drogas usadas pelos macacos, formigas, elefantes e outros animais que buscam o estado alterado de consciência. Quando uma criança gira até ficar tonta e cair no chão, está buscando alterar sua consciência, e isso é muito normal. Todo mundo usa droga! Uns fumam cigarro, outros tomam cerveja, enquanto outros, mais curiosos, buscam a transgressão ao sistema careta que diz que você pode fumar só isso, ou beber só aquilo. Ninguém nunca vai conseguir legislar a moralidade. Será impossível impedir que as pessoas se beijem, porque elas vão se esconder no mato e continuar curtindo aquilo que é gostoso e as fazem sentir-se bem. Mas os caretas não desistem da idéia de tapar o sol com a peneira e ficam aí fazendo leis que causam mais danos aos cidadãos do que a substância que eles usam. Naquela época começávamos a descobrir a maconha, mais tarde o LSD e a mescalina, e muito mais tarde, para alguns, a cocaína, que de tão perigosa já arrasou alguns dos meus melhores amigos. Mas eu nunca fui da turma das "Dunas do Barato", aliás, nunca fui de turma nenhuma, e preferia mesmo ficar na minha a andar em patota, me meter em briga e usar a roupa da moda. Sempre estive na periferia do que era "in". Talvez até por falta de talento.


-- Valeu tribo verde resinada, Feliz Ano Novo!
 
Tema: Ruanna me Salvou
Login: Altadictión Hemp4ever
Tipo: Revival Report
Obs: Em português e expandido


A psicóloga disse que esta cena é realmente importante, aí eu sempre a cito, mas não vejo esta importância toda...

Quando eu era pequena, bem pequena, lembro de ter entrado no quarto dos meus pais a noite, pois ouvi minha mãe gemer, achei que ela estivesse machucada, fiquei na porta não sabia se devia entrar ou não, estava com medo, algo que machuca-se minha mãe poderia me machucar também; houve um silencio e eu abri a porta, lentamente, minha mãe de pernas abertas, e aquela coisa vermelha, me assustei e sai correndo, me machuquei, não sei aonde, as lembranças são muito antigas, em preto e branco, somente o vermelho eu lembro, e no meu quarto a vermelho do meu sangue, e os meus gemidos, bebi o sangue para não deixar vestígios...

Várias vezes fui presa pela polícia, ou internada a força, porque sou proibida de me machucar, não posso ficar por aí me cortando ou fumando qualquer coisa, eu acho engraçado, um dia fumei orégano, tinha uns cinco anos de idade, tossi muito, via meu pai fumando e me achei poderosa imitando o macho alfa, essa linguagem assim é porque eles me forçaram a estudar alguma coisa, e escolhi biologia, mais por causa da facilidade ao formol, no início, mas depois gostei da coisa, a coisa em si; em psicologia da ciência e dos cientistas, sempre me achei parecida com estes malucos, bem masoquista e seu próprio algoz, ai de quem queira me provocar dor... ahahah, já viu arara bicando? É por aí... mas tô de boa, obsessiva sempre, mas isto faz parte, é a vida, a vida é ávida, gosto de poesia, mas não me considero grandes coisa com isto, talvez eu seja, pelo menos psiquicamente, uma fêmea beta-, a virtude disto é que me preocupo com outras coisas, da esfera prática, do prazer imediata, da resposta intrínseca na provocação do imediato, mesmo assim gosto também de ver o tempo passar por entre o vai vem dos meus olhos perdidos no movimento browniano da poeira, agora cósmica.

Papai nunca entendeu quando dizia que queria ser igual a ele, eu já era fortíssima, que nem ele, que me levava pro campinho onde eu jogava bola, e às vezes até tinha que bater em uns garotos de dez anos, ou pouco mais, mas muito metidos à besta. Mas o que eu tinha que fazer mesmo era ajudar ao papai a ganhar na sinuca, eu ficava no nível das bolas, era fácil ver a trajetória, e também o cálculo trigonométrico é muito simples, até para uma menina de oito anos, mesmo assim eu errava bastante as caçapas quando papai ficava muito bêbado, principalmente quando brigava com mamãe, dia sim dia não, era o único jeito de tirar o dinheiro dele para a cachaça, no outro dia, daí eu ganharia facilmente tudo de volta, adoro as voltas que a vida dá, é o que me mantém em equilíbrio, o dinâmico e perverso equilíbrio do bem e do mal, a árvore da sabedoria invertida, as raízes tomam a cabeça igual medusa, e as flores estão enterradas, proibidas, o cidadão acuado “botou o galho dentro”, abdicou, à força, dos seus direitos sobre seu corpo, e a humanidade segue jogando bombas em crianças subnutridas e querendo me prender porque eu fumo mato, hoje em dia ruanna, mas já fumei qualquer coisa, já falei do orégano? E do crack? Não? E da raspa de tinta das paredes, ou do cocô de cachorro seco? Sei lá, é uma coisa que me dá, é claro que eu não gostaria de ser assim, pelo menos não o tempo todo e com coisas esdrúxulas, cheirar desodorante no supermercado, beber desinfetante, mas e as bombas nucleares? E a guerra bacteriológica? A miséria, a guerra, a poluição, sem falar na prostituição infantil, não são presas, estão à mostra, até mesmo os DVDs piratas nas ruas das metrópoles, mas parece que quando me drogo sou presa, menos com álcool, eu gosto, mas sinto que morro muito rápido com álcool , é muito mais nocivo do que qualquer sabão que eu já tenha comido, e passado bem mal depois, lavagem estomacal é sempre um martírio, mas quem está reclamando, fiz porque quis, mas não sei porque quis fazer, e você, sabe porque quer fazer as coisas que faz achando que é pelo seu querer?

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Às vezes fico pensando que eles querem que eu morra pelo jeito deles, o jeito que eu escolhi, muito mais divertido, não pode, pode morrer de fome, mas não pode morrer de detergente, de crack, e essas coisas que matam rápido, cachaça... matou meu pai, ele pode morrer em paz etílica, alcoólatra, batendo em mamãe, toda hora briga, mas quando batia nela eu não ganhava nada na sinuca pra ele, era de propósito, sempre fui vingativa, ah: uma vez cheguei a esta conclusão, me vingo o tempo todo em mim mesma... Que loucura, cada coisa que a gente pensa, mas tem muita gente que pensa parecido, e outras que já pensaram assim e querem compartilhar, foi assim que descobri um grupo de ajuda mútua, esse nome é muito engraçado, imagina: Com licença, senhores, mas eu vou para o meu grupo de ajuda mútua... ahahah, ninguém merece...

No meu primeiro dia fiquei em pé, e me declarei “hipocondríaca do mal e do bem”, ainda argumentei, “se fosse só do mal estava morta...”, contei das prisões e internações, os medicamentos, que no meu caso não servem muito, é a faca de dois gumes, eu abuso; somente um “medicamento” deu certo, pois abuso e não acontece nada de muito ruim, a ruanna, e minha ansiedade baixa, mas eu abuso mesmo! Tenho sono, tenho fome, tenho desejo sexual, tinha tosse, mas criei um sistema de evaporar o THC, primeiramente a atmosfera em que o camarão está, dentro de uma redoma de vidro, é aquecida até uns 130 ºC, depois toda a atmosfera é trocada, assim me livro de benzeno (80.1 °C ) e outros componentes cancerígenos que por ventura possam estar presentes, tudo que é solúvel em água também deve ser arrastado, depois a erva é novamente aquecida até 185 graus, a temperatura de evaporação do THC, indo até 220 ºC, é simples, com qualquer copo, canudos e lâmpadas eu faço um, fica fácil usando um termômetro pra estufa, daqueles que vão até 260ºC. Também usei este argumento para poder fumar da erva plantada, pois economizava até 80% do THC, que não é degradado na brasa nem perdido na fumaça, e você está fumando como?

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Na época da faculdade eu já usava bastante erva, me manteve afastada das outras drogas, mas sempre rolava a erva, meu namorado, que fazia comunicação, era o que hoje em dia conhecemos como grower, mas ele plantava e eu fumava tudo, praticamente tudo, ele ficava louco, então comecei a dar umas dicas pra ele, falei da dominância apical e sugeri que ele colocasse uma tela de galinheiro em cima das plantas, hoje em dia a técnica é conhecida como SCROG entre os growers, outra boa idéia que dei foi usar uma planta matriz e enraizar com hormônio as mudas, e assim ter uma floração perpétua, eu precisava disto, outra boa também foi usar lâmpadas com grau Kelvin mais baixo para a floração dentro do armário, hoje em dia estas mudas são chamadas de clones (e respectivas mães), usávamos água e bombas de aquários, o famoso, hoje me dia, Bubbler, e tantos clones eram gerados que logo começamos a levar as mudas pro mato, tínhamos várias plantações silvestres, atualmente chamadas de “guerrilhas”, prefiro o nome atual, “guerrilhas canábicas”, imagino vários duendes tomando conta das ervas santinhas... O problema é que manter as mães ocupa mais espaço do que sempre fazer clones, clones dos clones e assim por diante, o processo hoje em dia é conhecido como Clonex, e as gerações se seguem: clonex1, clonex2, etc. o método clonex foi o mais simples (copinhos de café com vermiculita, 11W de florescente) , mas eu (ele) plantava mais clones com medo de perder a linhagem (o que uma mãe garante), e também só as mudas que enraízam bem vão para o vaso, resultado: tínhamos muito mais plantas (do que a segurança permitiria para dormimos na santa paz), espalhadas pela casa toda, era uma loucura, cheguei até clonex 27, depois disso voltamos à natureza, produzindo sementes, a sementeira também não é muito dispendiosa, de qualquer forma pode-se produzir sementes, em baixa escala, polinizando antes nas pré-flores e interrompendo a polinização logo depois, poucas sementes serão geradas, o bom é que pra viajarmos pelo país as sementes são melhores mesmo, no fim prevaleceu a natureza, portabilidade e segurança. Semente no solo, não é que dá certo!

De tudo que é jeito eu economizava o THC que fumava de suas plantas, mas sempre fumando mais, até ácido fólico eu fazia-o comer pra chapar melhor. Já falei do vaporizador de duplo estágio termal, com fluxo de ar a 185 ºC passando entre a flor na pira canábica? E da seda que ajuda no arraste do THC (através da coluna de destilação em nossas bocas: o baseado!). Inventei também um bonge que ao invés de puxar a fumaça, e perder a que sai na ponta, o processo era de assopra para o balão e daí inspirar, era de fumar soprando, que também mantém a brasa com oxigênio suficiente, e aumenta a umidade do fumo (aumentando o araste por vapor), ocorre menor retenção e degradação do THC que não é retido e filtrado pelo próprio fumo, num baseado isto faz muita diferença, e muitos usam baseado em “bonge” (filtrando na água), outra coisa que é um detalhe, é que conseguimos pressionar mais para sair o ar do que causar descompressão para entrar o ar. Todo o refugo que sobrava, folhas e caule, eu secava extraía no araste por butano supercrítico, não rendia quase nada, mas eu usava para colar duas sedas de papel celulose, e assim a seda, por si só, já garantia a onda, usava mais isto para enrolar aquelas presenças de prensados que as vezes tínhamos que fumar, no movimento estudantil e nas intensas relações sociais próprias da juventude (hum, me senti uma velha agora...).

Outra coisa estranha é que só tomava essas coisas que me fazem mal, como perfume e desodorante, quando tinha me separado de um namorado muito importante, graças a Deus só tive quatro... Mesmo assim normalmente usava coisas esdrúxulas, mesmo sem causar muito mal a saúde, já fumei artemísia, dormideira, ervas das mais variadas, principalmente estes temperos, parecem feitos pra fumar... qualquer briginha eu ia pro banheiro fazer um pequeno corte na perna ou comer pasta de dente, deve ser isto, eu me odeio... ninguém merece... pelo menos eu esterilizava a lâmina antes, nunca compartilhei lâminas... ehehe... e fazia uma boa assepsia depois da intervenção cirurgia de pouca monta.

Realmente a cocaína foi muito ruim, eu morava perto do morro e toda hora subia pra pegar uma mutuca de bagulho, tinha acabado a faculdade e estava longe do meu namorado, canceriana é muito ligada neste negocio de romance, e vou logo avisando, eu mudo com a Lua, e a noite... Mas voltando a vaca fria, entrei na maior fria, me viciei, acabei com meu nariz, subia para pegar uns papelotes pros gringos que ficavam ali nos bares, até porque eles iam com umas gatinhas lindas, e descobri nesta época o meu bissexualismo, pelo menos por loiras... Eu sofria com a ausência dele, e tentava terminar minhas teses de mestrado, “Epinastia para o aumento da colheita em floreiras de região agreste.”; “Produção de sementes fêmeas usando agentes hormonais, químicos, mutagênicos e estressantes” e finalmente “Produção de poliploidia estável na natureza e em floreiras de dias curtos em região árida.”. Ele estava na Austrália fazendo um trabalho com aborígines, e sua preservação cultural e geográfica, daí que a última tese eu preferi fazer lá, nem precisei de orientador, só usei na primeira, às vezes eles atrapalham, eu tenho que ter muita liberdade para pensar... Consegui uma planta estável, sem serrilhas, com um poliplóide estável, daí dizemos “poliploidia natural”, ou naturalizável facilmente, ou não? Eles também estão em dúvida. Mas voltando a vaca frígida, e auto-fofoqueira, ele ficou sabendo das coisas que rolaram, eu contei, maldita boca, e acabamos brigando, e nem tinha loira por perto... Saí batida e deixei pra lá a última tese, joguei tudo no mato, literalmente, eu também queria acabar logo isto pra fazer o doutorado, e ficar livre, sei lá de que, ou pra quê?

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Ser diferente é difícil, mas é normal...
Todo mundo fala que é difícil ser gay, mas ser bissexual é mais difícil ainda, você tem que esperar compreensão e aceitação dos dois lados, e é difícil se manter monogâmico, fica faltando a outra metade do mesmo desejo. Pior ainda quando se é bi-sex e pouco gay, aí não forma relação estável gay, pois está sempre trocando em detrimento da orientação mais predominante, desculpa estar sendo chata com estes papos, mas hoje em dia o DVD salvou o “povo do gueto”, os pornôs sempre têm duas mulheres e um homem, virou fetiche, mas às vezes vira imposição do cara querendo invadir sal relação com a outra, é ser humano, então é complexo, não da pra fazer leis moralistas proibindo a gente de ser o que se é, porque não podemos mudar o que somos realmente, você pode? Bom, na maior parte do “mundo civilizado” o homossexualismo foi descriminalizado, mas o casamento gay ainda não é legalizado, o que não impede que ninguém more junto em casal, mas os direitos sociais rodam no balé do moralismo, as empresas de seguro social agradecem, o proibicionismo só existe porque é muito lucrativo, é como não mais prender os usuários, mas proibir o plantio caseiro, inventado que são laboratórios e coisas do tipo, uma simples estufa elétrica para plantas, a growbox atual, mas que mania de falar tudo em inglês, right? All right?! Tio Sam, libera aí! Libera a flor da paz.

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Acho que plantar um strain stealth, uma linhagem disfarçada, é redução de danos, você corre menos perigo, nos países que ainda perseguem seus usuários. Agora volta para as minhas mãos a Dizzy Vine (que cresce como uma parreira), pelo seed bank Spice Brothers. Este negócio de redução de danos me conquistou, hoje em dia, sexagenária, ainda encontro ânimo para ajudar as pessoas que estão ainda batendo cabeça na vida, sofrendo como eu sofria, e ainda sofro, mas encontrei uma saída segura para a minha necessidade constante de adicção, minhas obsessões, minhas ansiedades, minha humanidade, hoje com 65 anos de idade e fumando basicamente cannabis índica, 250 gramas de flores secas ao mês, vaporizadas, plantio orgânico, 600W HPS-Agro, aeroponia com incrementos hormonais e nutricionais (epinastia), com tela de galinheiro em cima, a palavra scrog parece uma galinha cacarejando, scrog, scrog, scrog... Nunca comi galinha, possivelmente o vegetarianismo me manteve saudável apesar dos pesares, e apesar da idade avançada, gosto desta palavra, avanzada, às vezes, e muitas vezes, sou uma menina, e quero correr livre pelos campos, mas não quero tropeçar no vôo, me cuido para permanecer saudável e ver minha netinha crescer, assim, participo até hoje de um grupo de ajuda mútua, não ri não, é sério, sem apoio não somos ninguém, é coisa de bicho que vive em tribos, aí vou eu falando de biologia de novo...

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Macerahemp2007jan


Links elucidativo:

Vaporizer
http://en.wikipedia.org/wiki/Vaporizer

http://thcvaporizer.com/


Spice Brothers Seeds

Fet gallery

Cannabis destroys cancer cells (01 March 2006)
http://www.resist.com.au/forum/topic.asp?whichpage=1&TOPIC_ID=314&#7684

A fabricated paper: stoners eat your broccoli
http://www.scq.ubc.ca/?p=137

História da maconha medicinal (inglês)
http://www.medicalmarijuanaprocon.org/pop/history.htm


comentário no hempcity
http://www.dutchjoint.nl/forum/viewtopic.php?p=5518&sid=f2c30aaf8b37935dc35a4821f97d4d0e
AmeriSkunk:
“It isn't suppost to be the best but it has around the same THC levels as schwag weed probably around 1-5%, I tried to add more pics but it didnt work, the grower Fet is supposidly going to market the seed in the future, I'm in

Dizzy is a refined strain of ABC, Fet claims it's one in it's own but it is just a select strain with higher THC levels. This would be one hell of a novelty strain, just let it grow in you livingroom. I cant believe CC gave out seeds to members that asked, how's that legal?”


Se perguntar pra que o vaporizer, é pra tabaco...

Vaporizer Temperature for Marijuana

Marijuana vaporises best between 140 degrees Celsius up to approx 300 degrees Celsius. The best temperature range is 110 degrees Celsius to 300 degrees Celsius. A different temperature gives you a different effect.

Vaporizer Temperature for Tobacco

Tobacco vaporises between 140 degrees Celsius up to approx 200 degrees Celsius. The best temperature range is 110 degrees Celsius to 300 degrees Celsius.

Dicionários de português e outros recursos:
http://forum.wordreference.com/showpost.php?p=1026415&postcount=1

En español: En búsqueda de la Onda Sativa Perfecta
http://www.cannabiscafe.net/foros/showthread.php?t=72022
 
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A onda sativa deve ter pancado geral, agora 180 graus... Hare Om

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Em busca da Indica perfeita (forzabruthay420)
O Mestre Indica a perfeita.

Ao contrário dos growers/breeders que escolhem os requisitos antes de qualquer coisa, da escolha das variedades (strain) genitoras e antes das cruzas, eu preferi aplicar o algoritmo da força bruta, a partir de vários strains “Pure Indica” como, por exemplo, Black Domina, Sensi Star, Shiva minha árvore de natal preferida, Shiva Shanti, Northern lights, Hashberry, e tantas outras, das linhagens “Indica pura”, então forneci o ambiente perfeito para a orgia total entre estames e pistilos.

A força bruta não é uma desenfreada carroça de burro com os olhos cobertos, os olhos não estão cobertos, e tem muita poeira na estrada, fundamentalmente é uma questão de estatística, mas sempre alguma inteligência está presente no processo de seleção e descarte, lembrando que o importante é manter o burro bem alimentado. O Satori está entre a mente e os dedos, não é preciso achar o caminho divino para a Paz, a Paz é o caminho divino.

Do ponto de vista do observador o método é Zen, achar o caminho natural que liga o criador e a criatura, a flecha e o alvo, a prática é a forma, o vazio é a forma, a forma é o vazio. Praticar e observar, constantemente, sem apego aos resultados, sem envaidecimento, sem desmerecimento. No meio do nada, no mato, longe do que chamam de civilização, longe da Babilônia, no Éden, em Zíon, numa terra maravilhosa, em que se plantando o skunk dá; com muita água, chuvas todas as tardes da Serra da Mantiqueira, cachoeira e out door separando machos e fêmeas, plantando em vasos, e caminhando polinizantemente entre as regiões sexualizadas.

O importante é deixar o tempo passar, esvaziar a mente e focar no silêncio transparente.
Eu sou o reflexo do homem bom, da sua face no lago, quando a Lua ilumina O Vale das Flores Cheirosas, rosas e púrpuras, orange, blue, branca paz interior, nós somos este bem, bem além.

Segui esta natureza interior, dormindo quando tinha sono e comendo quando tinha fome, mas sem ter muito nada mesmo, apenas os vegetais, a semente da erva sagrada e o sussurrar tênue do mantra que o vento canta ao dançar com a relva da clarividência. Eu era você em meu olhar que me acalmava e meninava nos sonhos fugidios. Assim era o fotoperíodo, as estações iam se passando e os filhos das filhas dos filhos e assim por diante as ondas requebram os alelos saltitantes entre o pólen e o ovário. Por vezes eu mexia neste bonsai cromossômico, introduzia um varão retroativo entre as meninas adiantadas, ou um híbrido quase Indica pura, mas com algo a mais, como a Dutch Stealth

Fui empilhando sutileza sobre sutileza, um florescimento potente em 18/6 da mikado que sob 18 horas de luz tem suas hastes e folhas cobertas de cristais; a baixa estatura da Afghani#1, a potência da Durga Mata, e solidez homozigótica da Hindu Kush com o cerebral da Speed Queen, as cores da Indigo somados a resistência da Purple Star, todas 100% Indica.

A primeira vez no templo acerquei-me do mestre enquanto ele cuidava de um bonsai de sua coleção, fazia uma aramação dupla, perfeitamente paralelas, em 45º do ângulo de torção, mantendo o alinhamento exato entre os fios até que eles se separam e cada um vai para a sua rama, sem perder a fluidez do movimento. O fio duplo sai de dentro de uma pedra, no encontro do fio com a pedra existe um LED ligado aos fios, “quando ilumina-se em vermelho o solo está seco o suficiente para ser regado”, percebo então que dentro da pedra existe um circuito eletrônico, pergunto, meio óbvio, os eletrodos são de ouro? Com quantos mega-ohms possibilita a rega?

Esta pedra é um pequeno computador, faz a análise do solo, umidade, sais dissolvidos, temperatura, quantidade de oxigênio, pH, o LED tem seis cores possíveis, no momento me preocupo com as cores impossíveis.
─ Se elas são impossíveis por que se preocupar.
─ Por que se preocupar se elas são impossíveis?
─ Foi isto que eu disse.
─ Não foi isto que eu disse que você disse.
─ Mestre, o senhor concebe cores que a gente não vê.
Entre pela forma e saia pela forma, vamos aprender bonsaísmo? Disse ele me entregando a Dutch Stealth, serpenteava pela pedra e emergia com 3 centímetros e um caule bem grosso, finalizando no estilo vassoura, certamente poda FIM encima de poda FIM bem envelhecidas. Uma planta mãe bem difícil, pois muitas vezes floresce espontaneamente.

Cerâmica, mais uma Arte Zen, fazendo vasos eu entorno em torno do eu do torno, torno a aprender as formas fêmeas, o vazio e o desprendimento, não raciocinar enquanto se deixa viver sabiamente no caminho da prática, que escorre pastosamente entre os dedos, os pés marcam o ritmo da roda das moiras, rematando no tear dos mantos brancos de algodão cru. Vasos em out, redução de pragas, portabilidade e rapidez nos socorros.
Trabalhei num solo com bastante turfa e vermiculita atuando entre um e dois mega-ohms, para selecionar por resistência aos fungos, uma vez que os camarões gordos e compactos das Indicas são propensos aos fungos por reterem mais umidade.

Cada vez mais próximo ao alvo, ao cerne, me encontrando mais achei várias Indicas perfeitas, e o que conquistei em cada uma, cultivei dentro de mim, o nome autocultivo é um Koan, “pense em todas as possibilidades, a planta cultiva você, você se cultiva, e você cultiva a planta, você o alvo e a flecha, a fibra mais forte, um equilíbrio dinâmico, você é a paz, a planta e você mesmo, mudando, cada vez uma perfeição, cada vez um novo você sem perder a essência divina, eu sou você, internamente relaxado.”



A seita era chamada de escola interna mariana, o sacramento canábico cultivado no alto da Serra da Mantiqueira, mas parece que teríamos problemas com a divulgação da religião.
─ Usar sempre a corda mais forte para seu arco.
─ Hempô! Sen-sei, como fazer para ser stealth, ninja?
─ Só um ninja que não se sabe ninja é ninja.
─ Os olhos são o espelho do coração.
─ Que refletem imediatamente a alma.
─ O espelho do lago tranqüilo não enganaria ninguém.
─ E quando um homem se reflete no outro e não se aceita?
─ É o preconceito, seus olhos estão atormentados, sua fúria de não aceitação sugere que sejam presos todos os seus temores, está na armadilha.
─ Por isto Uke nos ataca.
─ Tenso, isto cria pontos de fragmentação da força, o vazio as penetra reconstruindo o mundo, juntos.
─ Isto é bom.
─ Conduz à paz e à harmonia.
─ “O oceano não rejeita a água”.

macerahemp2007jan
 
Sempre gostei de escrever cyberpunk, onde tudo é possível; se na realidade habitual nem tudo é possível, pelo menos as possibilidades são infinitas, como parece acontecer, também, com a cannabis. Nas infinitas possibilidades mentais escrevo e traduzo-me ;) e agradeço a Jah, e a vocês.

Está Tudo Dominado

O combate bélico às drogas sempre foi uma forma de controlar as drogas ilicitadas (e como tática de controle existem melhores e que recolhem impostos, altos), e foi assim com quase todas as drogas ilicitadas, principalmente depois da metade do século XX; mas o século XXI foi impiedoso com o pensamento anti-econômico, dar dinheiro para traficantes foi tido como Anti-Economia, a guerra às drogas é a essência anti-econômica, o poço sem fundo de gastos públicos, quem diz isto são os computadores mais evoluídos do planeta, complexos de alguns quarteirões e muitos andares, é tudo matematicamente provado, quando a equação leva em conta os mecanismos atávicos e fisiológicos inerentes à humanidade, parece que poucos humanos podem entender, ou querem, mais uma limitação humana, tabu, pudor e vergonha. Mas o cérebro humano possui um componente, que as máquinas de pensar não têm: a interação neuro-química; é aí que tudo faz diferença, e experimentar algumas mudanças neuro-químicas na mente foi um direto constitucional adquirido, antes somente privilégios de xamãs/religiosos, agora você pode fumar baseado, baseado em que você pode fazer quase tudo, mas com apoio terapêutico, umas das poucas profissões que ainda era majoritariamente humana, afinal só mesmo sendo humano para entender, ou se desentender com outro humano.

Todas as drogas naturais e seus derivados destilados foram realmente controlados, no início alguns países usaram a tática fascista de legalizar salas de uso de drogas para cadastrar e depois perseguir os usuários. Mas o controle bio-eletrônico provou-se o melhor na luta para combater o terrorismo internacional, as cidades adotaram o dinheiro e identidade eletrônica, micro-laser de impregnação atômica com encriptação fractal, é bem difícil de falsificar, a pena por falsificação são 300 anos em êxtase, é muito tempo para não pensar em nada, o nirvana induzido; ninguém falsifica, pois falsificar seu DNA atualizado é impossível, seu cartão de identificação é seu DNA altamente codificado, só você tem acesso total, a chave é o próprio DNA atualizado, o Despelhamento Redundante, a chave é o conteúdo, o conteúdo é a forma, e a forma é o vazio; tem muito espaço entre as partículas/ondas/cordas/notas inter-atômicas. A chave é pública, pois você é público, e pela lei você é responsável pelo seu DNA, o bem maior protegido pela Justiça, em última análise é você o seu DNA. O DNA foi totalmente dominado. “Está tudo dominado.”


Mesmo comprar com notas, notas inteligentes, que são ativadas por contacto com o CII (Cartão de Identificação Internacional) atrela a compra à sua identidade, assim comprar drogas que causem dependência psicológica ou química é uma operação controlada, os lugares de venda também são controlados, dirigir sob efeito, além de ser qualificado como crime de impossibilidade, levaria a perda da carteira de motorista por dois anos; dirigir em modo manual sem carteira é crime punido com cinco até 10 anos de prisão, o carro é inteligente e compartilha informações com a central, nem pense em enganar a lei, afinal “você pode tudo na vida, basta nos dar o controle de sua vida”, alcoólicos não podem comprar bebidas alcoólicas com seu CII, e se você compra bebida alcoólica estará sujeito à investigação por uso de drogas na direção, e no trabalho; com o desemprego aviltante ninguém empresta o CII.

O cérebro é o que importa, e o DNA idem, assim o que se armazena em êxtase penitencial é a sua cabeça, por um período não inferior a cem anos, e como em trinta anos extremos conseguindo reviver e reincorporar as cabeças criogenizadas (CC), a pena de cem anos está dentro de uma margem de erro bem ampla. Senhores e Senhoras condenados a não pensar em nada por cem, 200 ou 300 anos, deixa estar, que seja, os senhores não sentirão dor em momento nenhum, o Estado arcará com as despesas elétricas para manter intacta a CC. “O Vazio é a Forma, a Forma é o Vazio.”

O controle total das drogas não foi de estalo, um satori político, mas um processo gradual cheio de piedade para acabar com o caixa-dois que o narcotráfico gera e o capital internacional injetado na economia através dos maiores lucros jamais sonhados pela indústria ou comércio. A maconha foi a primeira, das drogas ilicitadas, a ser legalizada, principalmente pelo seu baixo impacto na saúde; ser a mais leve de todas, ter um poder medicinal fantástico e ser de fácil plantio; não adianta proibir o álcool se fermentar é tao fácil, assim foi com o plantio de subsistência, os homegrowers venceram, mas alguns países, com governos morais de medicina econômica, adotaram a idade balzaquiana: como a única questão pendente era sobre a possível precipitação de uma crise em esquizofrênicos, e estas crises se dão, em quase toda sua totalidade, até aos trinta anos, a idade de trinta e um anos foi adotada como idade permitida para o experimento cannábico, a assistência terapêutica era necessária para as primeiras vezes de uso, com o tempo esta técnica foi adaptada para as demais drogas; e a invenção de novas drogas psicotrópicas era controlada, também. O Sistema de Moralismo Medicinal estava enfraquecido, a experiência virtual de imersão total, neurônica, causava a Síndrome de Permissividade, se você pode experimentar qualquer coisa irrealmente, então realmente você pode experimentar qualquer coisa.

Com a intensificação da pesquisa dos componentes canábicos novas drogas que aumentam a criatividade e a inteligência surgiram, depois vieram os coquetéis de ensino, línguas, matemática, etc., assim o homem podia, em inteligência, competir com a máquina. Devido à flexibilidade química dos compostos canábicos foram produzidos elementos que inibiam a fome ou aumentavam a fome, inibiam a memória, combatiam a síndrome pós-traumática, ou diametralmente aumentavam a memória e os acessos às memórias ancestrais, a memória celular e a arquetípica também tiveram suas portas abertas, os produtos canábicos atuavam em todas as esferas da fisiologia humana, a erva ancestral provou ser o maior laboratório que Jah colocou sobre a Terra, a melhor amiga do Homem. Cão-nabis.

macerai o hemp – Seis/Março/2007
 
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